sexta-feira, 30 de maio de 2008

Bucareste, Romenia - 28 a 29 de maio/2008: o simbolo de um pais em reconstrucao.










































Ir para Bucareste foi tranquilo, o trem demorou poucas horas para chegar de Brasov, onde estavamos. Nosso primeiro problema em Bucareste foi comprar o bilhete de trem para Istambul. Eu e o Cachorro continuariamos a viagem no dia seguinte para a Turquia, enquanto nosso amigo Carlos dali retornaria a Espanha, e de lah para o Brasil. Havia apenas duas senhoras idosas para atender no guiche de bilhetes para viagens internacionais, e todas muito enroladas. Enfim, nessas horas vc pode medir o grau de desenvolvimento de um pais e seu grau de paciencia para lidar com situacoes estressantes....rs


Bucareste eh uma cidade caotica, com obras por todos os lugares, talvez resultantes do dinheiro que deva estar entrando com a entrada do pais na Uniao Europeia. O centro historico hoje eh um imenso canteiro. Como nosso amigo Carlos disse, em alguns anos serah uma cidade realmente bonita, mas por hora eh ainda muito confusa e precaria sob muitos aspectos.
Como iriamos passar apenas uma noite, decidimos, por comodidade, ficar em um hotel, mais bem localizado, na regiao central, de onde partimos para explorar a cidade.
O lugar mais impressionante que visitamos foi o Palacio do Parlamento (5a foto de baixo para cima). Eh uma obra faraonica cuja construcao, que envolveu quase 800 arquitetos e utilizou apenas materia-prima romena, iniciou-se em meados dos anos 80 e terminou no final daquela decada. Foi ordenada pelo ditador Nikolai Ceausescu, e custou, em valores atualizados, bilhoes de euros. Para se ter nocao do tamanho do elefante branco, em area de construcao soh eh superado pelo Pentagono, nos EUA. O mais revoltante eh saber que enquanto se despejavam bilhoes em uma obra totalmente desnecessaria, o povo passava por uma serie de privacoes, como se pode ver, por exemplo, pela fiacao sobreposta que lembra a das favelas brasileiras (foto 7, de baixo para cima). Qualquer semelhanca com o que acontece no Brasil eh mera coincidencia...
Entretanto, o final nao foi feliz para o ditador. Logo apos terminada a obra, ele foi derrubado do poder pelo povo em furia. Proferiu seu ultimo discurso debaixo de vaias da sede do Partido Comunista (foto 2, de cima para baixo), de onde teve que fugir de helicoptero enquanto a policia disparava contra a multidao que ali protestava. Muitos morreram, e Nikolai Ceausescu nao teve sorte diferente. Logo apos foi capturado, e apos um julgamento sumarissimo executado dias depois. O curioso eh que a sacada do Palacio do Parlamento (foto 3 de baixo para cima), de onde pretendia proferir discursos para as multidoes, nunca foi usada por si. A sua primeira e ultima utilizacao para tal fim foi nos anos 90 pelo Michael Jackson (!), que se dirigiu a multidao saudando-a com um "Hello, Budapest!". Isso mesmo, "Budapest", nao Bucharest...mais uma de muitas bolas fora do mito pop, que de certa forma se encaixa como uma luva com a insanidade e estupidez daquela construcao.
Alem de mendingos e pedintes pelas ruas, Bucareste tem um problema serissimo: os cachorros de ruas. Acima voces podem ver a foto de alguns, aparentemente inofensivos. O grande problema eh que durante a noite eles transformam-se em "donos" das ruas desertas, dispostos a matar e morrer por seu territorio. Meus amigos Carlos e Cachorro (que apesar do apelido nao tem mais nada em comum com as feras rs) passaram por um dobrado perto do hotel, quando foram cercados por quatro desses "animaizinhos", que latiram e se aproximaram de forma bastante hostıl. Por felicidade do destino, conseguiram escapar, ao fazer uma retirada (na verdade, fuga hehehe) estrategica. Entretanto, muitos nao tem a mesma sorte e hah incontaveis casos de mordidas de caes pela cidade. O mais grave foi o de um turista japones que faleceu apos ter uma arteria rompida com uma mordida.
Apesar dos pesares, verdade seja dita. Em que pese todos os problemas, Bucareste eh uma cidade muito mais segura do que as nossas do Brasil. Pode ser ver muitas pessoas a noite andando despreocupadas pelas ruas. Os maiores perigos sao mesmos os batedores de carteira, os golpistas "171" (que a Romenia tem varios, como "erros" propositais na hora do troco) , e, claro, os cachorros de rua.
Apos a Romenia, nos despedimos de nosso amigo Carlos, que voltou ao Brasil apos uma breve passagem pela Espanha. İsso nao sem quase perder o voo por conta de um "probleminha" no aeroporto, pois simplesmente a policia romena "esqueceu" de carimbar seu passaporte na entrada e encrecaram com ele por causa disso na saida...mais uma prova de que falta muito para a Romenia se igualar as suas nacoes-irmas da UE.
Eu e o Cachorro pegamos um trem direto para Istambul (fotos 1 e 2 de baixo para cima), que carinhosamente apelidamos de "o trem da morte". 20 horas de viagem, sem sequer vagao-restaurante no trem e num calor infernal. Para piorar o fiscal do vagao apresentava forte halito etilico.... rs apesar de tudo, sobrevivemos!... Foi interessante o que um romeno contou no trem sobre a Bulgaria (pais que atravessamos ateh chegar a Turquia). Disse que eles tinham 9 milhoes de habitantes antes de ingressaram na UE, e agora tem 7 milhoes apenas. Resta saber quantos cidadaos tambem migraram da Romenia... Acredito que nao tenha sido muito diferente.
Na fronteira da Turquia, vivenciamos uma rara situacao onde eh vantajoso ser brasilieiro. O Brasil eh um dos unicos paises com relacao ao qual nao eh exigido de seus cidadaos o pagamento de uma taxa para o visto de entrada no pais, enquanto para a maioria (principalmente os ricos) essa taxa varia de €10 a €50. Ponto para nossa dıplomacia! hehehe


















Brasov, Siguisoara e Bran, Romenia - 26 a 28 de maio de 2008: a regiao da transilvania, terra do Dracula.


























Apos Budapeste, fomos de trem noturno para Brasov, no interior da Romenia. Brasov fica proximo de Bran e a umas duas horas e meia de Sighisoara, terra do famoso Conde Dracula. Tais cidades sao da regiao conhecida como Transilvania.

Ao entrar em territorio romeno, eh inegavel sentirmos muita diferenca da Hungria e demais paises do leste que ateh entao haviamos estado. Primeiramente, a Romenia, apesar de integrar a Uniao Europeia desde 2007, nao faz parte do Acordo de Schengen. Ou seja, hah controle de fronteira, ainda que a passagem se de entre paises da UE. Assim sendo, no meio da madrugada, ao passar pela fronteira, tivemos checagem da policia hungara e romena, o que sempre torna a viagem mais cansativa.
Alem disso, a malha ferroviaria da romena eh bastante precaria. Nada de alta velocidade. O trem, alem de andar bem devagar, chacoalhava bastante. Da janela tb notavamos muitas diferencas na paisagem. O campo na Romenia eh ainda bastante pobre, sendo comum o uso de mao-de-obra intensiva, em pequenas propriedades, em sua maioria. Hah pouquissimos sinais de mecanizacao no campo, sendo uma agricultura bastante primitiva. Ateh mesmo o uso de tracao animal eh raro.
Na estacao ferroviaria de Brasov, mais mudancas de realidade. Muitas criancas pobres, algumas pedindo esmolas. Muitos ciganos e pobreza, constratando com a prospera e vibrante Budapeste, da qual haviamos partido. A cidade, fora do centro historico, apresenta os velhos e cinzentos predios de blocos ao estilo sovietico. No centro historico, veem-se jah muitas mudancas, representando ventos de prosperidade. Ruas e predios reformados, alem de muitas obras em curso, algo, alias, que se ve em todo pais. Resta saber o quanto beneficiarah sua populacao como um todo.
Escolhemos Brasov para passar duas noites por ser uma cidade-conexao para as duas localidades que pretendiamos ir no interior: Bran e Siguisoara.
Bran, que eh famosa por seu castelo, ficava a apenas meia-hora de onibus, e fomos jah no primeiro dia na Romenia. O castelo de Bran, apesar de bonito por fora, eh decepcionante por dentro. O Conde Dracula teria passado um curto espaco de tempo de sua vida por ali. Observe-se que o Dracula realmente existiu, mas evidente, nao era um vampiro. A fama advem da extrema crueldade com que tratava os prisioneiros otomanos, empalando-os vivo, alem de provaveis problemas de saude que o deixavam com a aparencia palida e aversao a luz do dia.
Fomos para Siguisoara no dia posterior. Esta cidade sim, a meu ver, eh a mais interessante a que fomos no interior da Romenia. Tem um centro historico realmente muito bonito, e tb com varias obras de reforma em curso. Lah se pode observar a casa onde o Conde Dracula morou, que hoje eh um restaurante onde jantamos (foto, onde estamos ao lado do busto dele). Hah tambem uma interessante torre, a do relogio, onde se tem uma vista panoramica muito bonita para toda a cidade. Uma tarde de visita eh o suficiente, eh uma cidade realmente pequena. Ali se veem alguns cachorros de rua, como o da foto, que constituem um problema nacional da Romenia, sendo especialmente grave em Bucareste, a capital do pais.
Outro acontecimento digno de nota foi uma garconete de um restaurante em que jantamos que nos perguntou se eramos brasileiros porque reconheceu o sotaque. Disse que aprendeu portugues assistindo a novelas brasileiras. Inacreditavel, nao ? rs Atualmente estao passando "O Clone" por lah....
Apos Brasov rumamos para Bucareste, onde chegamos no inicio da tarde e passamos uma noite. Continua no proximo "post".

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Budapeste, Hungria 22 a 25 de maio de 2008: "o Brasil que deu certo."

















A frase nao eh minha, adianto, mas de nosso companheiro de viagem Felipe Pavan. E tenho que concordar, ela resume minhas impressoes sobre a Hungria, e, em particular, Budapeste, sua capital. O pais consegue reunir a informalidade e calor humano do Brasil e, ao mesmo tempo, apresenta uma organizacao e desenvolvimento economico-social que, apesar de nao estar ainda no mesmo patamar dos paises da europa ocidental, eh bastante significativo, sendo raros sinais de miseria.
























Saimos de Viena por trem, direto para Budapeste. A viagem foi muito boa, e aproveitamos para almocar no caminho. Tivemos o prazer de conhecer o italiano Umberto, que eh um retrato do mundo globalizado em que vivemos hoje. Ele eh italiano, mora em Viena, na Austria, e namora uma Belga, que mora na Hungria, e conversou conosco em ingles. Incrivel, nao ?! Em que outra epoca da humanidade se poderia imaginar isso? rs
























A estacao de trem de Budapeste, advirto, tem uma pessima aparencia, mas nao se deve julgar o pais por aquela estacao. Seria uma tremenda injustica.
























Budapeste eh uma cidade hoje muito desenvolvida, mas que preservou uma atmosfera e charme "old style" incomparavel. Apesar dos muitos grafites nos predios, eh, sem duvida, a melhor das cidades do leste europeu que jah visitei.











Os precos sao bastante em conta tb. Seu sistema de metro eh complicado, e exige um pouco de atencao para evitar multas, o que aconteceu com um amigo nosso. Por exemplo, diferentemente do resto da europa e do Brasil, eh preciso pagar um complemento ao bilhete unitario para se pegar conexoes. Apesar disso, os "baloes" sao frequentes, e muitas vezes "autorizados" pelos proprios fiscais, como aconteceu comigo, em uma determinada estacao onde nao havia venda de bilhetes no momento. Simplesmente o fiscal me deixou passar sem bilhete. Seria algo assim possivel na Austria? rs
A cidade eh extremamente vibrante, tem uma vida noturna incomparavel e na maioria dos lugares se pode entrar de graca, pagando-se apenas o que se consome. E nao pensem que por isso os lugare sao ruins, mas ao contrario, dao de dez a zero na maioria dos que temos no Brasil, tanto em termos de animacao como de frequencia.
Tivemos sorte porque pegamos um excelente tempo em Budapeste, o que deu para aproveitar uma praia artifical que montaram na regiao, com direito a futebol e volei de areia e palco com DJ. A organizacao era impressionante. Apesar de tudo ser de graca - heranca, talvez, do passado socialista - nao havia tumulto ou precariedade, e podia-se calmamente aproveitar o espaco publico, com direito a diversas atracoes e barracas.
Outra coisa sensacional que tivemos a oportunidade de conhecer foram as estacoes de aguas termais de Budapeste. Sao imensas piscinas com aguas que chegam a ateh 38o graus celsius. Foram construidas pelos turcos, e aproveitam a agua quente que vem das profundezas da terra. Sao lugares fantasticos, onde se pode passar uma bela tarde apenas relaxando e pegando um sol, e foi o que fizemos no sabado.
Vimos figuras estranhas no albergue em que ficamos, o Bubble. Lah havia um australiano que estava morando hah seis meses no local! Inacreditavel essas figuras que encontramos pelos albergues, um dia terei que escrever um livro soh sobre o assunto...rs A dona, Olga, foi realmente fantastica, e nos auxiliou muito com dicas sobre a cidade.
Visitamos tb um parque para onde foram "exiladas" as estatuas do passado comunista. Realmente a palavra certa eh "exilio", a distancia eh muito grande da cidade, e eh dificilimo ir para lah com transporte publico, por isso preferimos pegar um taxi, mas valeu a visita.
Diferente do que vi na Servia, as pessoas em Budapeste nao parecem ter muito saudosismo do passado comunista, embora reclamem dos baixos salarios e do crescimento das desigualdades com o capitalismo. Muitos com quem conversei jah trabalharam em outros paises, como a Inglaterra, principal destino, e continuam lutando por uma vida melhor, apesar de eu particularmente achar muito boa a que eles jah tem! rs
Apos Budapeste rumamos para a Romenia! Foi uma grande mudanca, realmente aqui jah vemos muito mais pobreza. Espero poder escrever sobre este pais em breve. Abracos a todos de Siguisoara, Transilvania, terra do Dracula! rs